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Pandemônio

Pandemônio é uma publicação e um espaço de experimentação surgido a partir do contexto pandêmico que assolou o mundo. Milhões de pessoas precisaram adaptar suas vidas durante a quarentena para enfrentarem o que passou a ser chamado de “novo normal”. 


De um mês para outro, vimos crianças fazendo aulas de educação física em casa, pessoas desempregadas, uma profusão de encontros, aulas e trabalhos virtuais. A tela passou a ter um protagonismo ainda maior no cotidiano das pessoas e nas formas de comunicação, de interpretação, de relações profissionais e pessoais. Ocultamos nossas bocas, narizes e expressões faciais sob máscaras de proteção. 

A casa se tornou, contraditoriamente, um espaço de proteção rodeado de limites, medos e angústias. Se, por um lado, esse espaço nos permite focar mais para “dentro”, inclusive de nós mesmos, por outro, nos desloca do mundo, criando uma realidade paralela. Devido ao risco de contaminação, o deslocamento e a convivência em locais públicos é limitada e exige, também, adaptação e atenção constantes. O outro se tornou um perigo iminente. 

Dessa forma, as instruções, as fotografias e os desenhos que compõem esta publicação foram criadas através de relações empíricas, estão atentas aos processos de adaptações e mudanças, lançam pontos de vista questionadores, mas também irônicos e divertidos e, por fim, foram desenvolvidas para que você possa realizar em sua casa, durante suas reuniões e encontros on-line ou em espaços (de uso) público!

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Agora Percebo

De uma hora para outra, o mundo que conhecíamos se transformou em um redemoinho de incertezas. Um inimigo invisível desestruturou rotinas, relações, trabalhos e nossas percepções sobre o espaço público e privado, a relação entre os corpos, e nosso olhar sobre o eu e o outro. AGORA PERCEBO pode ser compreendido como o testemunho de um momento único na vida das pessoas em todo o planeta, um compartilhamento do abismo de cada um. Abismo é aqui o lugar das incertezas, dos medos e das angústias, daquilo que sequer sabemos nomear. Nas palavras de Gonçalo M. Tavares, “o corpo é um reservatório sem fundo. / Tudo o que é mundo vai lá parar. / Temos o corpo muito cheio. / A movimentação lá dentro torna-se complicada”, tão complicada que a pandemia nos fez olhar para dentro, criar maneiras de reconstruir pilares compondo uma estrutura interessante de sororidade e alteridade.

Após a divulgação das recomendações de isolamento social devido à pandemia, Ruchita fez um convite aberto com três instruções para que as pessoas colaborassem com o envio de mídias que apresentassem fragmentos do seu cotidiano, dos seus momentos mais intimistas, de suas percepções, ou seja, dos seus “agoras”. Começou assim o projeto AGORA PERCEBO. A artista instruiu os participantes a pararem por um instante, respirarem, olharem para si e observarem o agora. Ao perceberem seu entorno, eles deveriam registrar como estavam sentindo seu corpo e sua mente naquele momento, ou seja, iniciar uma navegação para dentro de si. E essa mudança de foco, de perspectiva mesmo, do exterior para o interior, é o que torna esse projeto instigante e intenso. 

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Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra

2020, vídeo, 6’07’’, loop, dimensões variáveis

Trechos do vídeo

 

Em Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra, (2020)a artista desloca-se sobre contornos de cores recém pintados em uma extensa lona branca. A pressão gravitacional impede seu tronco de se descolar do chão, de modo que a força e o impulso dos movimentos provêm dos braços e pernas, que em determinando momento da performance para o vídeo se multiplicam em cortes horizontais e verticais. Ao passar lentamente por sobre os círculos vazados de cores, alternados em pequenos grupos monocromáticos, o corpo é o elemento que confunde o amarelo no laranja, assim como o vermelho no bordô, e esses no azul. Ao longo do percurso da artista em embate com a matéria-cor, uma mancha policromática emerge no chão e se imprime em seu corpo. 

 Com isso, um dos interesses da obra reside no fato de a palavra cor estar contida na primeira parte da palavra corpo, ao mesmo tempo em que faz alusão à reciprocidade das relações entre sujeito e mundo, sendo a tinta percebida como mundo e o corpo da artista como alegoria do sujeito em constante transformação. 

 O vídeo é intercalado por movimentos de retração e extensão, nos quais a passagem do corpo pelas diferentes cores adiciona diálogos mudos com o espectador. Encarado pela artista em alguns trechos da obra, este é questionado sobre sua própria ligação com a mais diversa e profusa matéria. Impregnado de manchas, afetado pela mutabilidade decorrente de cada gesto e movimento ou, ainda, desprovido de qualquer experiência com a matéria-cor, o corpo em transmutação no vídeo estabelece distintos diálogos com seu interlocutor.  

 A obra é marcada por três estados de performance, nos quais a artista encarna distintos nascimentos e mortes, assim como o contato com as múltiplas partes do eu que se conciliam com a experiência. Neste contexto, o movimento que permite o deslocar-se é carregado de uma sonoridade efervescente que parece emergir de suas entranhas, enquanto os outros dois estados são separados, sendo etapas que iniciam e concluem o processo. No primeiro caso, o som de um sino ecoa a anunciar um constante recomeço, enquanto, ao final, o sujeito é jogado para o vácuo do renovar-se que aparece em sua pele impregnada de reminiscências de cor e som. Outro fator determinante da obra são os cortes verticais e horizontais que fragmentam o corpo e funcionam para a artista como os diferentes "estados mentais" que oscilam entre a hesitação e a aceitação ao longo do percurso. Em vários cortes do vídeo o corpo aparece em desalinho, como se estivesse em permanente tentativa de retornar ao eixo que o estrutura, apesar de também buscar em alguns momentos sua própria desestruturação e reconhecer a não linearidade do processo transformativo.

Stills do vídeo

 
 

Um número infinito de pontos

2019, série de 15 fotografias, dimensões variáveis

Díptico fotográfico, impressão jato de tinta com pigmento mineral em papel de algodão

 

Um número infinito de pontos é o que constitui uma linha, e é também o nome desta série de fotografias realizadas no Chile e Costa Rica, por Ruchita. Pontos e linhas são involuntariamente desenhados nas paisagens capturadas pela câmera, desenhos feitos pelas intempéries do tempo, pelo vento, pelas águas. O modo como as fotografias nos são apresentadas, em fatias, fragmentos e aproximações, nos permitem perceber essa ação do tempo: pequenas nuances e modificações de uma linha para outra, de um ponto para outro. Movimentos que passam desapercebidos a olho nu, sobretudo por conta do ritmo acelerado de vida que levamos na contemporaneidade. As conversas entre as fotografias são de diversas ordens: temporais, cromáticas, volumétricas, formais e textuais, apenas para citar algumas. 

Sim, podemos encarar que a escrita também é formada por um número infinito de pontos, e que estas imagens feitas por Ruchita se apresentam como um texto, como uma escrita no espaço. Juntas, elas criam uma narrativa em constante transformação, tal como no conto “O livro de areia”, do escritor e ensaísta argentino Jorge Luis Borges, no qual é contada a história de um livro cujas páginas não se repetem, elas se modificam, sempre, quando o livro é fechado, mudam de paginação, somem, se dissipam. Isso faz com que a atenção do leitor no momento de cada leitura seja absoluta, pois ele sabe que está diante de um instante único e irrepetível. Assim acontece também quando Ruchita realiza seus ensaios fotográficos em paisagens de areia e terra, ela fixa sua atenção entre pontos incalculáveis, sem princípio ou fim. É por isso que destas fotografias, nenhuma é a primeira; nenhuma, a última. 

Impressões jato de tinta com pigmento mineral em papel de algodão

 
 

Face à Impermanência

Em minha pesquisa artística aprecio mais os processos do que seus resultados. Tal atitude conduziu minha atenção à filosofia japonesa, sobretudo à observação da estética Wabi-sabi, que valoriza a percepção de como nos constituímos diante do mundo, ao invés da mera  auto-expressão. Face à Impermanência é um projeto iniciado em 2018 durante uma viagem de imersão na cultura nipônica. Trata-se de um grupo de trabalhos em andamento incluindo performances para vídeo instalações, fotografias e obras multimídia, baseadas em improvisações espontâneas nos locais em que entrei em contato com Wabi-sabi.

Face à Impermanência pretende instigar a percepção a partir da incerteza, o olhar contemplativo atento aos acasos, que deixa de lado a busca por conclusões lógicas. Por meio da contemplação os japoneses enxergam a natureza como um modelo a ser seguido e reverenciado: unem-se a ela em vez de quererem conquistá-la. A transitoriedade é aceita e valorizada como um estado natural, pois nada é estável e permanente no mundo. Nosso refúgio está em aceitar e até mesmo celebrar esse fato. 

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Revertido

2018-2019, série de 6 dípticos fotográficos, 0,45 cm x 0,74 cm cada

Dípticos fotográficos, impressão jato de tinta com pigmento mineral em papel de algodão.

 

As imagens que constituem a série Revertido foram realizadas entre meados de 2018 e o primeiro semestre de 2019. Ao trocar os pés pelas mãos, o corpo da artista aparece em diferentes locações, com areia, barro, grama, concreto, pedras e terra. Apoiado sobre as mãos, que ganham a condição de pés, estas funcionam como base e sustentação por instantes.  Para a mesma série, a imagem superior da obra foi produzida enquanto a artista mantinha-se deitada no chão, com as pernas soltas, que agiam como braços a mover-se no ar. Em cada obra, os céus recebem localidades imprecisas, que induzem a pensar sobre a passagem do tempo em cada espaço. Como se ao refletir sobre o céu da montanha, do litoral, da cidade, a série buscasse sinalizar geografias em desencontro, enquanto induz a pensar sobre o corpo replicado em diferentes contextos, revestido dos mesmos problemas. Ruchita comenta a obra como "uma metáfora sobre a dificuldade de se sentir em casa dentro de uma sociedade incoerente, a qual promove alienação, em vez de comunidade, conflito ineficaz, em vez de cooperação produtiva, mentalidade estreita, em vez de liberação da mente." 

A série Revertido é o resultado de performances realizadas para a fotografia, com a qual a artista reproduzia fisicamente a sensação de inadequação aos padrões e convenções sociais instituídos. Estar de ponta-cabeça é a imagem que parece melhor definir a condição daqueles que se sentem "fora de fase".

Registro de dois dípticos fotográficos

 
 

Passadas

2019, vídeoinstalação: dupla projeção sobre madeira branca, 100 cm x 112 cm

Trechos do vídeo

 

Sobre uma placa autoportante de madeira dois vídeos são projetados em ritmos distintos. A parte frontal recebe um conjunto de detalhes de cidades, exibido em câmera lenta, enquanto a outra apresenta caminhantes que atravessam a cena. Ao longo de poucas passadas, a artista captura pés e pernas ambulantes, os quais perderam suas identidades. Em completa fragmentação, Passadas(2019) toma alguns instantes dessas pessoas, sobre quem não se sabe a origem nem o destino. Os pés que atravessam a cena parecem aludir aos passos desatentos, que conduzem a automatismos responsáveis por definir parte considerável das nossas escolhas. A parte frontal da obra faz alusão ao estado contemplativo em meio às diferenças encontradas em texturas, luzes, cores e formas.   

A videoinstalação captura passos conduzidos aleatoriamente, entendidos como olhos cegos a caminhar pelo mundo. Sua montagem condiciona o olhar do espectador, pois, enquanto uma parte da obra é percebida, a outra está ausente da visão. Com isso, Passadasexige do espectador os mesmos passos capturados dos transeuntes. 

 Em sua produção artística, Ruchita replica com frequência a questão central da obra, que consiste em considerar para onde dirigimos o nosso olhar e atenção. De maneira quePassadasfunciona como um campo em duas frequências, sendo um relacionado a deslocamentos e repetições, enquanto o outro favorece o contato com o silêncio em meio às adversidades do lugar. De fato, a parte da obra em que imagens são editadas como se o tempo não transcorresse em ritmo convencional faz dela a documentação sensível daquilo que a artista decidiu olhar. Inclusive, a intermitência do áudio – que se divide entre espaços de silêncio e ruídos, de cidades de diferentes partes do mundo – parece puxar o chão das pessoas, como se as tirassem das metrópoles e as conduzissem ao espaço de silêncio almejado. "Senti que enquanto produzia a obra, estava, ao mesmo tempo, treinando a própria percepção sobre os passos e o foco do meu olhar" - conclui a artista.

Registro vídeoinstalação

 
 

Incessante

2019, vídeoinstalação, loop, dimensões variáveis

Trechos do vídeo

 

Em nove cenas de poucos segundos, as imagens entram em embate com a nitidez retomada depois de instantes em que o foco se perde. Alegorias de ausência e presença, o desfoque e a nitidez das imagens funcionam como ferramenta de auto-compreensão, ritmadas pela respiração incessante, presente em cortes que introduzem relações entre a mão e o outro.Em contato com o desconhecido em objetos, sujeitos e elementos naturais, Incessanteevoca a sensação de apaziguamento, confrontada com o esforço contínuo incerto, que busca preencher espaços internos. 

 A conexões existentes entre objeto e sujeito estruturam a obra, a exemplo da primeira cena em que a artista risca um fósforo, metáfora da luz efêmera, utilizado para acender uma vela. Outra metáfora de luz é seguida pela cena da mão a folhear um livro, que se assemelha ao gesto de abrir as folhas da janela. Nas duas ocasiões, a artista considera os atos que representam a busca por esclarecimento. Incessantetambém concentra em três cenas o contato com diferentes sujeitos, sendo a artista e seu filho, um animal e um homem. A cena é levada pela fluidez da água, que parece evocar experiências relativas a dissolução do corpo na natureza. O profundo e o enraizamento, por sua vez, aparecem no momento em que a mão escava um pedaço de terra.  

Cada cena reproduz ciclos que reforçam o valor do contato entre sujeito fragmentado pela mão da artista e aquele que ocupa a cena. A obra repete as ações como se todas pudessem comentar sobre os diferentes canais de comunicação que o corpo expressa em busca de satisfação, completude, afeto, iluminação e contato com o sublime. Incessante  resulta da tentativa de conexão interna por meio de relações com o mundo visível.

Registro vídeoinstalação

 
 

Movimento que silencia

2018, vídeoinstalação, 5’08’’, loop, dimensões variáveis

Trechos do vídeo

 

Inevitavelmente a quietude física desperta ruído mental. Paradoxalmente colocar o corpo em movimento livre facilita a obtenção de um estado de silêncio contemplativo. Quando cesso todo o movimento a mente entra voraz. Por outro lado a natureza me possibilita entrar facilmente nesse movimento expontâneo e silencioso. Quanto mais parado mais ruidoso. Quanto mais movimento mais silencioso.

 

Stills do vídeo

 
 

Miragem

2018, fotomontagem digital, políptico de 20 x 30 cm cada

Políptico fotográfico, impressão jato de tinta com pigmento mineral em papel de algodão.

 

Percorrendo o deserto temos a sensação de perceber sempre uma paisagem similar e monótona, mas ao nos ater aos detalhes contemplamos a vastidão existente no espaço aparentemente repetitivo. O deserto simboliza os extremos da natureza; essas terras áridas induzem a uma certa pausa reflexiva. À partir deste ambiente estou discutindo o contraste entre a representação fotográfica e a abstração, ou melhor, a parcela de abstração que toda representação, por mais objetiva que seja, sempre trás consigo. 

O deserto sendo um espaço de altos contrastes, me parece ser uma imagem propícia para discutir a nossa tendência em projetar padrões mentais, que organizam a leitura visual em informação cognitiva.  Para isso, escolhi usar polaroides que fotografei no deserto de Nevada, sobre detalhes ampliados destas imagens somados a campos de cor abstratos. Com isso, cria-se a tendência quase inevitável de enxergar este campo de cor como parte da paisagem. 

Miragem_02.jpg

Detalhe de uma peça do políptico

 
 

Fora não há

2018, vídeo, 3’33'‘, loop, dimensões variáveis

Trechos do vídeo

 

As paisagens desérticas com seus vastos campos de areia se configuram como as regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas no planeta. O choque com este ambiente que traz tamanha adversidade física nos despe das camadas civilizatórias aflorando instintos mais primitivos. Em um local de  contrastes e escassez extremos, somos remetidos à impulsos herdados de tempos imemoriais. 

 Essencialmente somos norteados pela busca de nossas origens e nosso destino. À procura de quem somos verdadeiramente. Em busca de onde devemos chegar. O processo civilizatório ocidental nos impele a buscar isso externamente. No entanto, não acredito que seja possível encontrar estas respostas fora. 

A escolha do deserto como uma metáfora  se deve ao fato desta paisagem estar em constante mutação nos deixando muitas vezes à deriva. Nesse espaço o tempo parece parar. Somos incitados à um estado de suspensão e desaceleração. Confrontar o vazio externo permitindo-se se perder no deserto talvez possibilite a gente se encontrar. 

Still do vídeo

 
 

O vazio cheio de mim

2018, conjunto de 19 polaróides

Caixa com 19 polaróides 130 cm x 12 cm x 10 cm, edição única

Uma sequência de 19 polaróides associadas aos trabalhos Miragem e Fora não há, realizadas no mesmo deserto de Nevada; sendo que algumas dessas imagens foram utilizadas para compor as montagens da obra Miragem. Seguindo o mesmo teor dos projetos citados, as imagens refletem a monotonia externa para representar uma paisagem subjetiva.

 
 

Transborda

Uma exposição de arte crua e sensível. Para registrar o ato de transbordar, Juliana levou um ano fotografando mais de 400 pessoas encontradas pelas ruas, praças e mercados de várias cidades da América Latina. Em um mundo de tantos filtros, tantas máscaras e contenções sociais, a exposição tem a intenção de sensibilizar o expectador para o que ainda toca o ser humano. Transborda é um registro sensorial do ato de transbordar e captura o instante onde a vida passa pela borda.

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Powder Rape

2017, vídeoinstalação em 5 telas, 2'34'', loop, dimensões variáveis

Trechos do vídeo

 

A agressão contra a mulher não assume apenas a forma de violência física. Ela pode ser muito mais sutil, constituindo um estado abrangente e recorrente, um nevoeiro sufocante que nos engole mentalmente e nos cega para os caminhos de fuga. Pode até parecer inofensiva, mas seja qual for a forma, a violência inevitavelmente nos transforma, afetando a nossa perspectiva da sociedade e de nós mesmos de maneira fundamentalmente prejudicial. 

Stills do vídeo

 

Registro de exposição

 
 

Um estado claro de ambiguidade

2017-2018, Impressão com colagem sobreposta de espelho e vídeo, 1’37’’, loop

Trechos do vídeo

 

A instalação busca aproximar o público de uma experiência realizada com cerca de doze pessoas de diferentes origens. Enquanto elas pronunciam a palavra ambíguo, os olhos da artista são refletidos em um pedaço de espelho que é segurado sobre seus rostos, obliterando sua visão.

Ao lado da tela de exibição do vídeo, um autoretrato impresso da artista é fixado diretamente sobre a parede, contendo o mesmo pedaço de espelho colado que  sobrepõe seu olhar. Assim, os olhos do espectador estarão refletidos no lugar dos olhos dela.

No Tríptico fotográfico é evidenciada a aceitação da diversidade assim como a flexibilidade de nos colocarmos no lugar do outro.

Um estado claro de ambiguidade surgiu inspirada na obra do fotógrafo ucraniano Paul Apal’kin e da pesquisa que Juliana Stringhini desenvolve desde 2014, quando a alteridade passou a ser percebida como autoretrato, e toda relação derivada como reflexo de si mesmo. Todo retrato é um autorretrato. Todo relacionamento é um reflexo de quem somos.

Stills do vídeo

 

Registro de exposição

 

Tríptico fotográfico, impressão jato de tinta com pigmento mineral em papel de algodão.

 
 

Não sou Finito

2018, fotografia e vídeoinstalação em 2 telas, 3', loop, dimensões variáveis

Trechos do vídeo

 

O projeto Não sou Finito documenta uma ação performática dividida em dois momentos, na qual estabeleço relações com cordas de forma diametralmente diversa. Enquanto em uma cena meu corpo está atado a uma árvore, na outra, tento simbolicamente diminuir a distância entre mim e o infinito ao puxar uma corda que vem do alto, cuja extremidade não é visível.

A performance é uma forma de encarnar gestos para dar visibilidade a experiências arquetípicas compartilhadas. A situação de estar amarrada a uma árvore com cordas que além de restringirem o corpo, também amordaçam, e, principalmente cegam, representa as limitações mentais constituídas pelos condicionamentos sociais.

O contraste entre os dois atos performáticos evoca a cisão do sujeito e a Natureza implicada na constituição da identidade individual durante processo civilizatório. 

Neste sentido, o projeto toma como ponto de partida a noção de que ao nascer os seres humanos se relacionam de forma mais integrada à natureza, e é o processo evolutivo que em nome da suposta autonomia, acaba incutindo inúmeras amarras invisíveis. Será mesmo que o processo civilizatório trouxe independência à nossa espécie? Ou nos tornamos escravos dos valores de nossa civilização?

Já na ação no lado esquerdo, busco caminhar com as mãos, que tentam alcançar o infinito, evocativamente trazido do alto pela corda. O gesto repetitivo reforça o teor cíclico, impregnado por reminiscências trazidas à consciência por obras sublimes como a  Coluna sem fim de Brancusi, aproximando o chão e sua dimensão palpável à sutil intuição do infinito.

Enquanto o filme se desdobra no tempo, a fotografia seleciona um fragmento do fluxo temporal e coloca a cena em suspensão.

O paradoxo é como pode algo finito, como nosso corpo, sentir e perceber o infinito?

Still do vídeo

 

Tríptico fotográfico, impressão jato de tinta com pigmento mineral em papel de algodão.

 
 

Isso que pulsa

2018, vídeoinstalação em 9 telas, 2'25'', loop, dimensões variáveis

Trechos do vídeo

 

Energeticamente, existe diferença entre a vida e uma natureza morta? Se não, uma natureza morta pulsa? Por que a ausência de vida gera simultaneamente repulsa e atração em nós? Nosso destino é uma natureza morta?

Stills do vídeo

 
 

Espuma Tijolo

2017, vídeoinstalação em 2 telas, 7'11'', loop, dimensões variáveis

Trechos do vídeo

 

As prisões que construímos para nós mesmos assumem muitas formas – de óbvias e sólidas barreiras que tanto protegem como isolam, até formas mais suaves e aparentemente maleáveis, mas que delicadamente nos alienam de nós mesmos e dos outros.

Still do vídeo

 

Registro de exposição

 
 

Fluído-estático

2018, vídeoinstalação em 2 telas, 2'30'', loop, dimensões variáveis

Trechos do vídeo

 

As maneiras pelas quais nos impedimos de avançar assumem muitas formas – de pesados obstáculos monolíticos até a subversiva confusão que se acumula lentamente ao longo do tempo. Todas representam impedimentos à mobilidade produtiva. 

Stills do vídeo

 

Registro de exposição

 
 

State of stable disequilibrium

2017, vídeo ,6'10'', loop

Trechos do vídeo

 

Uma metáfora da necessária luta contínua para manter o senso de equilíbrio em todos os aspectos da vida cotidiana, com atenção particular à maneira pela qual o equilíbrio/desequilíbrio emocional e psicológico afeta o teor da nossa experiência física em diferentes espaços. É central para este tema a noção de que tanto as pequenas como as grandes interferências são capazes de perturbar um estado de equilíbrio.

Stills do vídeo

 

Tríptico fotográfico, impressão jato de tinta com pigmento mineral em papel de algodão.

 
 

Um estado de dúvida...certeza.

2017, vídeo, 1'36''

Trechos do vídeo

 

Um estado de dúvida cria múltiplas identidades competindo por aprovação. A certeza é tão diferente disso? A dúvida é um estado contagioso, espalhando-se rapidamente por diversos aspectos de nossas vidas. A artista traz uma metáfora de seu próprio caminho profissional através da brincadeira da imagem. 

Stills do vídeo

 
 

Ilusão das amarras

2018, vídeo, 3'07''

Trechos do vídeo

 

Quando a obediência se torna sinônimo de submissão? Até que ponto estamos conscientes das nossas próprias submissões diárias? O processo de libertação depende da iniciativa e ação de outros? A libertação é um ato privado ou social? A liberdade de fato não acontece se nossa percepção sobre nós mesmos e nosso entorno não for alterada, se seguirmos presos mentalmente.

 Stills do vídeo